Estudo do grupo Havas feito com 13 países indica que o público daqui é o que mais acredita que questões socioambientais podem ser resolvidas pela ação das companhias, e não dos governos. No Brasil, Natura se destaca
Por Lena Castellón
Em relação ao trabalho feito em 2009, a pesquisa indica que a
preocupação do brasileiro com o assunto aumentou. No levantamento atual,
58% dos entrevistados daqui disseram estar mais atentos, um aumento de
nove pontos percentual. Sobre o papel das empresas, na análise global, 76% dos consultados
(contra 70% em 2009) colocam nas companhias – e não nos governos – a
responsabilidade por medidas sustentáveis e sociais. Mas 68% entendem
que as corporações somente falam de sustentabilidade para melhorar a
imagem. Esse índice entre os brasileiros é significativamente menor:
23%.
Se a avaliação for pelo outro lado, o do envolvimento governamental,
nós somos céticos. Dos brasileiros, 40% não acreditam que o poder
público possa resolver problemas nesse campo. Para os consultados dos
demais países, o percentual de descrença é mais baixo, 21%.
Além de depositar sua fé nas empresas, os brasileiros gostam de
premiar as companhias, mais do que as demais populações. Essa disposição
é encontrada em 90% dos entrevistados, enquanto que o índice global
ficou em 80%. De todos os brasileiros ouvidos, 82% puniram de algum modo
as corporações que não adotam práticas socioambientais – no restante do
mundo o percentual ficou em 90%. Perguntado se, diante de tais números, o brasileiro é mais bonzinho,
o coordenador do trabalho no País, André Zimmermann, CEO da Havas
Digital Brasil, prefere dizer que o público é menos crítico. “Parte dos
resultados tem mais a ver com a maturidade dos mercados desenvolvidos.
Nesses lugares, a população é mais exigente porque o ‘fazer algo’ deixou
de ser um diferencial”, explica.
Marcas
Entre os temas sondados está o
desempenho das marcas. Os brasileiros citaram espontaneamente a Natura
como a empresa mais ligada à sustentabilidade, com 27% das respostas. Em
segundo lugar ficou a Petrobras (22%). Nestlé (15%), Vale (14%) e Banco
Real e Bradesco (9% cada) vêm em seguida. Nos Estados Unidos, a dianteira coube ao Walmart, com 8% das
citações. A segunda posição está dividida entre GE e Johnson &
Johnson, com 5% cada. Globalmente, a corporação que mais se destacou foi
a Ikea.
Para Hernan Sanchez, CEO da Havas Intelligence e
coordenador do estudo mundial, os resultados demonstram que as
corporações ganham importância e valor aos olhos do consumidor caso
estejam efetivamente comprometidas com a sustentabilidade. Os
pesquisadores perguntaram se os entrevistados ficariam preocupados com o
desaparecimento de uma companhia no futuro.
“Eles não se incomodariam se dois terços das marcas globais
sumissem. Mas descobrimos também uma forte relação entre as marcas e a
sustentabilidade, sugerindo que quanto mais sustentável ela for, mais
importante ela será para o consumidor”, alerta. Por isso, Sanchez
salienta: “Quando uma empresa se preocupa com as pessoas, a sociedade, o
planeta e contribui para fazer a diferença, ela redefine sua relação
com o público”.
Segundo Zimmerman, isso deixa claro que há grandes oportunidades
para as marcas. Como, no entanto, há também ceticismo em relação ao
posicionamento das empresas, ele diz que é preciso propagar
adequadamente o que se faz. “As empresas devem comunicar se tem práticas
consistentes, mas será melhor se elas puderam incluir o público. Seria
algo assim: temos um projeto de reflorestamento e você pode contribuir
desta maneira. Isso faz mais sentido para o consumidor, que busca
informações”, recomenda.
Consumidores mais engajados
A pesquisa
“Futuro Sustentável 2010” avaliou também o engajamento dos consumidores.
O público foi classificado em cinco perfis, conforme a relação do
entrevistado com o tema da sustentabilidade: dedicados, passivos,
céticos, descompromissados e críticos. Os resultados apontam que os
desinteressados diminuíram. O perfil que mais cresce é o dos dedicados. Os devotados são 46% dos brasileiros, um aumento de 10% sobre o
número de 2009. Os passivos são 17%, mesmo índice da edição anterior. Os
críticos correspondem a 16%, uma alta de 2%. Os céticos e os
descompromissados respondem por 11%.
Celso Marino
SCREENMEDIA tel. (11) 3451-0012
cel: (11) 9141-2938
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